A tireoidite pós-parto é um distúrbio comum no primeiro ano após a gestação. Essa doença tem característica autoimune e provoca uma inflamação difusa do tecido tireoidiano. Assemelha-se, em diversos aspectos, a doenças como a tireoidite de Hashimoto e a tireoidite de Graves.
Apresentação Clínica
A tireoidite pós-parto pode se manifestar através do hipertireoidismo transitório, do hipotireoidismo transitório ou de um ciclo formado por ambas doenças seguidas. No curso clássico, é comum que as pacientes com a doença apresentem:
- Cerca de 3 meses após a gestação: hipertireoidismo transitório;
- Com cerca de 6 meses após a gestação: níveis hormonais normais;
- Aproximadamente 9 meses após a gestação: hipotireoidismo transitório;
Geralmente, as pacientes com tireoidite pós-parto voltam aos níveis hormonais normais depois de um ano. No entanto, os estudos de longo prazo apontam que mais de 20% das mulheres podem desenvolver hipotireoidismo nos anos seguintes.
Etiologia da tireoidite pós-parto
Acredita-se que um rebote imunológico seja a causa da tireoidite pós-parto. Essa doença seria induzida através da reativação do sistema imunológico feminino após imunossupressão parcial da gestação.
Prevalência e fatores de risco para a tireoidite pós-parto
Essa condição acomete cerca de 10% das gestantes. Os estudos mostram que a doença é 3 vezes mais comum em pacientes com diabetes mellitus tipo 1. Além disso, pacientes com outras doenças autoimunes – como artrite reumatoide – também são mais suscetíveis a desenvolverem esse problema.
A recorrência alta também precisa ser observada. Isso porque cerca de 70% das mulheres que desenvolveram a tireoidite pós-parto na primeira gestação terão o mesmo problema nas gestações seguintes.
A tireoide pós-parto também pode acometer mulheres depois de abortos. É importante ressaltar que mulheres que não desenvolveram o problema em gestações anteriores também podem sofrer com ele em gestações seguintes.
Diagnóstico da tireoidite pós-parto
O rastreio universal não é indicado para a tireoidite pós-parto. Apenas mulheres que apresentam os sintomas característicos do hipertireoidismo e do hipotireoidismo devem realizá-lo. Além disso, é importante considerar o histórico clínico e saber diferenciar os efeitos da rotina pós-parto (cansaço, irritabilidade, sono) com os sintomas próprios do hipertireoidismo e do hipotireoidismo.
Também vale ressaltar que, na primeira fase da doença, aproximadamente 33% das pacientes são assintomáticas. Caso não seja tratada, essa fase tende a se resolver espontaneamente em 2 ou 3 meses. A doença de Graves é um diagnóstico diferencial, mas é 20 vezes menos frequente que a tireoidite pós-parto. Já o hipotireoidismo que se manifesta 1 ano após o parto não costuma ser atribuível a esta condição.
Exames
Após o diagnóstico positivo a partir da história clínica e dos sintomas, deve-se solicitar o exame para avaliação dos níveis de TSH no sangue da paciente.
Tratamento
De forma geral, pacientes com níveis de TSH acima de 10 devem ser tratadas com reposição hormonal com Levotiroxina.
Já as pacientes com resultados entre 5 e 10 dependerão de uma avaliação criteriosa do médico responsável a respeito dos sintomas e da história clínica. Somente após isso, devem ser encaminhadas para o tratamento medicamentoso.
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