A Radioterapia é um tratamento médico que utiliza radiações ionizantes para destruir as células tumorais. Estas radiações são produzidas por equipamentos chamados de Aceleradores Lineares e têm a capacidade de causar danos definitivos no material genético das células (DNA).
Geralmente, o método mais utilizado nessa forma de tratamento é a Radioterapia Externa. Nesta, a fonte produtora de radiação fica distante do paciente, em torno de 80 cm.
Os Aceleradores Lineares são compostos por duas unidades, ambas móveis, para melhor direcionar a radiação. Assim, uma delas é como uma mesa, na qual o paciente fica deitado durante as sessões. A outra, é um gantry, que gira ao redor do paciente e de onde se origina a radiação.
“Normalmente, para o tratamento dos tumores da região da cabeça e pescoço, as sessões de Radioterapia são diárias, de segunda a sexta-feira, por seis a sete semanas. Em média, cada sessão dura vinte minutos.” – Dr. Arno Lotar Cordova Junior, Médico Onco-Radiologista (CRM/SC 6963 – RQE 9571).
Para garantir que o tratamento seja realizado de forma correta a cada sessão, os médicos utilizam algumas estratégias. Uma delas, é a utilização de máscaras plásticas termomoldáveis. Elas são individuais e descartáveis, deixam imóvel a região a ser tratada, evitando a sensação de claustrofobia.
Cuidados Necessários na Radioterapia
Para definir as áreas a serem tratadas em cada caso, utilizamos exames de imagem complementares. Entre eles, a Tomografia Computadorizada (obrigatória), Ressonância Magnética e PET-CT.
Através desses exames, o médico desenha todas as regiões anatômicas saudáveis e as áreas doentes. Assim, é possível definir o que deve ser tratado (volume-alvo) e que deve ser protegido ao máximo da radiação (órgãos de risco).
Além disso, um físico especialista ajuda a programar e calcular a melhor maneira de liberar a radiação, com auxílio de softwares específicos. Depois, o médico radio-oncologista aprova o caso, após a avaliar a segurança do tratamento e assegurar que as doses em cada órgão de risco estejam aceitáveis. Concluída essa etapa, o paciente está pronto para iniciar o tratamento do tumor por Radioterapia.
Iniciando o Tratamento do Câncer de Cabeça e Pescoço
Durante a Radioterapia, o paciente é acompanhado periodicamente pelo médico radio-oncologista responsável. Este profissional fará orientações e prescreverá medicamentos sintomáticos, caso sejam necessários.
“A Radioterapia é um recurso muito importante no manejo dos tumores de cabeça e pescoço. Ela tem participação ativa na maioria das situações clínicas. Neste contexto, a radioterapia pode ser pós-operatória ou definitiva, associada ou não à Quimioterapia.” – Dr. Arno Lotar Cordova Junior, Médico Onco-Radiologista (CRM/SC 6963 – RQE 9571).
Radioterapia Pós-operatória
Em relação à Radioterapia pós-operatória, ela deve começar entre 3 a 6 semanas após a cirurgia. Geralmente, ela está indicada nas seguintes situações:
- Tumores maiores e/ou que invadam estruturas adjacente;
- Tumores com margens cirúrgicas próximas ou positivas;
- Tumores com linfonodos positivos.
“Existem ainda vários outros fatores menores que nos ajudam a reforçar o papel da Radioterapia pós-operatória. Além disso, o termo “tumores de cabeça e pescoço” é genérico, haja vista que cada localização anatômica tem sua peculiaridade. Assim, a discussão multiprofissional, caso a caso, é o melhor caminho.” – Dr. Arno Lotar Cordova Junior, Médico Onco-Radiologista (CRM/SC 6963 – RQE 9571).
Radioterapia sem Cirurgia
Nos casos de utilização da Radioterapia sem cirurgia, temos duas situações mais frequentes:
- Tumores iniciais, nos quais se visa a cura com preservação da anatomia original do paciente (cordas vocais e orofaringe são exemplos);
- Tumores localmente avançados, nos quais a cirurgia não é possível, ou quando a cirurgia é possível mas acarreta disfunções anatômicas severas. Nesses últimos casos, geralmente se acrescenta a Quimioterapia como parceira da irradiação.
Nos próximos textos, entraremos em mais detalhes sobre os efeitos colaterais da Radioterapia, seus tratamentos e sua prevenção.
Sobre o Autor
Dr. Arno Lotar Cordova Junior (CRM/SC 6963 – RQE 9571) possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (1995). Atualmente é Médico Radioterapeuta da Clínica Radioterapia São Sebastião, diretor financeiro da Liga Catarinense de Combate ao Câncer, Presidente da Sociedade Brasileira de Radiocirurgia (gestão 2014-2016) e coordenador do Curso Básico de Neuroncologia da Liga Acadêmica de Oncologia da UNISUL – SC. Apresenta experiência clínica e técnica para a realização de procedimentos de alta complexidade em radioterapia: braquiterapia de alta taxa de dose, radioterapia externa conformada (3D), IMRT, radiocirurgia e radioterapia estereotáxica fracionada.